Maximiliano Maria Kolbe tem como nome de batismo Raimundo. Ele nasceu no dia 08 de janeiro de 1894 em Zdunska-Wola, próximo de Lódz no centro da Polônia. Era o segundo filho de Julio e Maria Dabrowska, integrantes da Ordem Terceira Franciscana e tecelãos da cidade.
Quando Raimundo tinha 10 anos, aconteceu um episódio extraordinário na sua infância... Uma aparição de Nossa Senhora, que nunca mais esqueceu. Sua mãe revelou este acontecimento aos confrades de seu filho depois de sua morte.
A sua carta é de 12 de outubro de 1941:“Tremia pela emoção e com lágrimas nos olhos me disse: `apareceu para mim Nossa Senhora, tendo nas mãos duas coroas: uma branca e outra vermelha. Olhava-me com amor e me perguntou se as queria. A branca significava a pureza e a vermelha o martírio. Respondi que aceitava... Então, Nossa Senhora me olhou com doçura e desapareceu!´. A mudança extraordinária nele para mim atestava a verdade da coisa. Nem sempre era compreendido em cada ocasião, acenava com o rosto radiante a sua desejada morte de mártir. E eu estava pronta, como Nossa Senhora depois da profecia de Simeão.”
29 de junho de 1902, Raimundo recebe a primeira comunhão em Pabianice, para onde se transferiu com a sua família. Em 1907, Pe. Pellegrino Haczela OFM. Conv., durante sua missão em Pabianice, anunciou do púlpito a próxima abertura de um novo seminário em Lwóv.
Raimundo e seu irmão Francisco, ouviram a sua homilia e perguntaram como entrar na Ordem dos Frades Menores Conventuais. Lwóv era um território austro-húngaro, e eles deveriam atravessar clandestinamente a fronteira para chegar ao convento.
Depois de 3 anos, chega para Raimundo e Francisco o momento de uma decisão séria: iniciar ou não o noviciado.Ambos desejavam servir ao exército polonês, lutando por seu país e por sua Rainha. Quando já estavam decididos de deixar o seminário, enquanto estavam a caminho da sala do Reitor para comunicar a desistência foram informados que a mãe, Maria Dabrowska, tinha chegado para visitá-los.
Ela fora informar que o irmão mais novo, José, também decidira entrar para os frades...
Para São Maximiliano isso foi um sinal da vontade da Imaculada, então iniciou o noviciado.
_______________________________________________________________________________28 de outubro de 1912, Frei Maximiliano parte para Roma onde permanece 7 anos no Colégio Seraphicum. No dia 01 de novembro de 1914, depois de 3 anos dos votos temporários, Frei Maximiliano emite a profissão solene.
Ele acrescenta Maria ao nome religioso, exprimindo a característica de sua espiritualidade. Estudou filosofia durante 3 anos, formando-se em 22 de novembro de 1915, na Universidade Pontifícia Gregoriana.
Em seguida continuou os seus estudos na Faculdade Pontifícia Teológica de São Boaventura. Tornou-se sacerdote no dia 1º de abril de 1918, na Igreja Sant Andrea della Valle. No dia seguinte, celebrou a sua primeira missa na Igreja de Sant Andrea delle Frate, lugar onde a Virgem apareceu e converteu milagrosamente o hebreu Alfonso Ratisbonne, em 1842.
Esse milagre era uma prova da eficácia da Medalha Milagrosa, que Alfonso Ratisbonne ganhou quase que por acaso.
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Naquela época, ocorria uma fervente atividade anti-católica, na qual se destacavam os maçons, e eles estavam especialmente contra Roma, o centro da Cristandade e a Sede do Vigário de Cristo. Frei Maximiliano se dá conta de que era necessário uma renovação espiritual.
Como franciscano, seguiu a fonte do ideal de São Francisco. De fato, a educação recebida na Ordem franciscana, manifestada pela apaixonada defesa do dogma da Imaculada Conceição, teve uma forte influência sobre o desenvolvimento de seu apostolado mariano. Para ele, como para São Francisco, a vocação franciscana significava difundir Cristo em todas as classes sociais, e não somente numa vida de santificação pessoal vista entre os muros de um convento.
Em 1917 jogando futebol, Frei Maximiliano sofreu uma grave hemorragia, e foi diagnosticada a tuberculose.
No mesmo ano, a Virgem confiou a 3 pastores de Fátima uma missão que é o escopo da MI.
Nossa Senhora pede amor, reparação e consagração ao Seu Coração Imaculado.
MILÍCIA DA IMACULADA
Na noite do dia 16 de outubro, na vigília da Festa de Santa Margarida Maria Alacoque, Frei Maximiliano fundou a MI com outros 6 estudantes do seminário.
Eram eles: Pe. Giuseppe Pal, romeno; Pe. Quirico Pignalberi, da província de Roma; Pe. Antonio Glowinski, romeno; Frei Antonio Mansi e Frei Enrico Granata, da Província de Napole; Frei Girolano Biasi, da Província de Pádua.
Depois daquela noite, o silêncio cai sobre a MI, os 7 frades atendem as decisões dos superiores e além disso, um ano denso de dificuldades não permite o desenvolvimento do apostolado deles. Em outubro de 1918, depois da morte de Pe. Glowinski e de Frei Mansi, aconteceu um repentino despertar e a MI começou a acolher numerosos estudantes do seminário. O comentário de Frei Maximiliano foi: “Estes dois confrades devem ter trabalhado duramente pela MI no Paraíso, visto que depois de sua morte todas as dificuldades se foram”.
28 de março de 1919, Papa Bento XV concede sua benção verbalmente a MI e no dia 04 de abril, Pe. Domenico Tavani – Vigário Geral da Ordem, escreve a própria benção, exprimindo também o desejo que a MI se propague entre os outros jovens franciscanos.
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Em 22 de julho de 1919, Pe. Maximiliano consegue o doutorado em Teologia e parte para a Polônia no dia seguinte. Ele estava inscrito no Seminário Franciscano de Cracóvia, para ensinar história da Igreja a partir de outubro.
Ansioso em difundir a MI também na Polônia, como fez em Roma, Pe.Kolbe pede a aprovação de seus superiores. O Ministro Provincial concede rápido, bendizendo a iniciativa, e em 20 de dezembro, o bispo Stephen Sapieba, aprovou o programa da MI, recomendando a difusão e autorizando a impressão do Estatuto em língua polonesa.
De 11 de agosto de 1920 até 28 de abril de 1921, Pe.Maximiliano ficou internado no Hospital Climático de Zakopane, doente de tuberculose.
Em janeiro de 1922, a MI é aprovada como “Piedosa União da Milícia de Maria Imaculada” pelo Cardeal Basílio Pompilii, Vigário Geral da Diocese de Roma.
Depois Pe.Maximiliano publicou o 1º número da revista mensal “Rycerz Niepoklanej”, o Cavaleiro da Imaculada, com 5.000 cópias. Em 20 de outubro, Pe.Kolbe foi transferido ao Convento de Grodno, onde continuou a sua atividade de editor do “Cavaleiro” e começou a imprimir com a ajuda de dois confrades. O número dos assinantes cresceu, assim também como a qualidade da revista e a aparelhagem tipográfica, que necessitava de um número cada vez maior em outros locais.
Em 1926, os médicos prescreveram uma outra permanência em Zakopane a Pe.Kolbe, por ter agravado seu estado de saúde, sempre da tuberculose.
No dia 18 de setembro, ele parte para Zakopane e os superiores elegem como sucessor seu irmão Pe.Alfonso Kolbe, que o substitui dignamente durante sua doença.
Em 18 de abril de 1927, Pe.Maximiliano deixou o hospital de Zakopane e voltou para Grodno, onde os esforços de seu irmão deu muito sucesso: não tinha mais ângulos livres.
As máquinas ocuparam a cozinha e o refeitório, os corredores estavam repletos de cartas e revistas. Os membros poloneses eram 126.000 e o “Cavaleiro da Imaculada” tinha uma edição mensal de 60.000 cópias. Em junho, Pe.Maximiliano e Pe.Alfonso encontraram-se com o Sr.Srzednicki – administrador chefe do Príncipe John Drucki-Lubecki, proprietário do terreno que possuia uma grande área em Teresin, perto de Varsóvia, localizada no centro da Polônia, perto da principal linha ferroviária: lugar ideal para um novo convento e um complexo editoral.
Pe.Maximiliano não poderia aceitar uma doação de um lote de terra sem a permissão dos superiores. Entre os dias 19 e 21 de julho, aconteceu um Capítulo Provincial em Cracóvia e o caso foi discutido.
Em 6 de agosto, Pe.Maximiliano abençoou uma estátua da Imaculada no lugar onde haveria de construir o convento e no dia 1º de outubro o Príncipe Drucki-Lubecki firmou o gesto de doação do terreno.
No dia 21 de novembro de 1927, Pe.Maximiliano foi nomeado superior do futuro convento a ser fundado: Niepokalanów, a “Cidade da Imaculada”. Transfere Pe.Alfonso e outros irmãos para Teresin.
Quando foi pedido o seu parecer sobre a dimensão do cemitério ele responde: “não é necessário uma área muito vasta de terreno para o cemitério, porque a maior parte dos ossos de seus habitantes repousará nas mais variadas regiões da terra.”
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Em 1929, foi anunciada a abertura de um seminário, para aqueles que desejavam consagrar-se ao ministério sacerdotal como missionários no país ou fora dele, na Ordem dos Frades Menores Conventuais.
Os pedidos foram tão numerosos, que foi necessário fundar outro seminário, independente do Insituto de formação dos frades.
Quando o Ministro Geral da Ordem visitou Niepokalanów em 1936, admirou-se: “o verdadeiro espírito franciscano, uma fervente devoção através da Imaculada, muito zelo a pobreza e a extrema simplicidade. Entre os confrades havia um intenso espírito de caridade. Reinava uma imensa harmonia, e sobre eles se percebia uma alegria serena e franciscana.”
Durante o Pontificado de Pio XI, o “Papa das missões”, o Ministro Geral da Ordem dos Franciscanos Conventuais convidou os frades a dedicarem-se às obras missionárias, segundo o espírito da Regra Franciscana.
No dia 25 de janeiro de 1930, Pe.Maximiliano encontrou-se com o Ministro Geral em Roma, apresentou o seu projeto de uma nova Niepokalanów entre os ateus e foi autorizado a partir para procurar um lugar para esta finalidade.
Ele colocava ilimitada confiança na “comunhão dos santos”, ou seja, na solidariedade de todos os “mílites”, sejam vivos ou falecidos.
Antes de retornar à Polônia, confiou a sua obra à intercessão de 3 dos “sete primeiros”. No cemitério romano de Verano, visitou a tumba de Pe.Antonio Mansi, depois a tumba de Pe.Girolano Biasi em Camposampiero, perto de Pádua, e a tumba de Pe.Antonio Glowinski em Assis.
A sua peregrinação continuou em Torino, a São José Cottolengo e São João Bosco, e depois nos santuários marianos que haviam inspirado a atividade da MI: Lourdes e Paris, em Rue du Bac, onde santa Catarina de Labouré recebeu a Medalha Milagrosa.
No dia 1º de fevereiro, encontrava-se em Lisieux, para visitar o santuário e o convento de santa Teresa do Menino Jesus, padroeira das missões.
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26 de fevereiro de 1930, Pe.Maximiliano parte para o Japão, com quatro confrades: Frei Zeno Zebrowski, Frei Hilary Lysakowski, Frei Sigmund Krol e Frei Severin Dagis. Deixou dois deles em Shangai, na esperança de fundar outra Cidade da Imaculada, e prossegue com os outros em direção ao Japão.
No dia 24 de abril chegam em Nagasaki: a modesta casa que foi o primeiro refúgio deles, foi nomeada por Pe.Maximiliano “A Grodno japonesa”.
Um mês após a chegada, foi publicado o primeiro número do “Cavaleiro japonês”, Seibo no Kishi, com uma tiragem de 10000 cópias.
Em 12 de junho, Pe.Maximiliano retornou a Polônia para participar do Capítulo Provincial: deveria informar ao novo Ministro Geral o desenvolvimento do trabalho no Japão e para obter da Província Franciscana polonesa uma ajudar maior religiosa e também se possível financeira.
O Capítulo Provincial e o Ministro Geral, concederam a aprovação a eles, no dia 25 de agosto e Pe.Maximiliano retornou para Nagasaki.
Seu irmão, Pe.Alfonso Kolbe, que fora nomeado guardião de Niepokalanów e editor do Cavaleiro, morre prematuramente no dia 3 de dezembro de broncopneumunia, e deixa um buraco incomensurável. Ele fora um fiel intérprete e executor da vontade de seu irmão, no conservar sempre o espírito franciscano de pobreza em Niepokalanów.
No dia 04 de março de 1931, Pe.Maximiliano conquistou um terreno barato no pobre quarteirão Hongochi e no dia 16 de maio, transferiu-se com os frades ao novo convento, Mungezai o Sono, o “Jardim da Imaculada”.
Ele gozou de uma especial proteção também no Paraíso, de fato foi poupado da fatal explosão da bomba atômica. Sobre o ponto mais alto das construções foi erguida uma grande estátua da Imaculada, que a noite era iluminada de uma coroa de lâmpadas: era bem visível do quartel e atraiu muitos pagãos em direção a Mungezai no Sono.
No início de junho de 1932, Pe.Maximiliano partiu de navio de Nagasaki e chegou na Índia no fim do mês, esperando conseguir fundar uma outra Cidade da Imaculada.
No início, a sua iniciativa foi coroada de sucesso, mas logo surgiram dificuldades de vários tipos, e foi impossível fundar a Niepokalanów Indiana antes e durante a Segunda Guerra.
Os problemas continuaram também depois da guerra, por causa da nova classe política indiana.
No dia 10 de maio de 1981, o sonho de Pe.Maximiliano torna-se finalmente realidade, com o nome “Nirmalaram” (O Jardim da Imaculada).
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Sendo encarregado de promover a difusão da MI em todo o mundo, Pe.Maximiliano trabalhou incansavelmente para organizar a MI e também pensou em introduzí-la no apostolado de sua Ordem. Em 1935, ele expos ao Ministro Provincial e depois ao Ministro Geral a proposta de consagrar a Ordem inteira a Imaculada, pedindo que tal moção fosse apresentada e discutida no Capítulo Geral que aconteceria em Roma no ano seguinte.
No dia 26 de maio de 1936, Pe.Maximiliano deixou o Japão a bordo do navio “Victoria”, para participar do Capítulo Provincial de Cracóvia. Pe.Maximiliano foi eleito pelos seus superiores guardião de Niepokalanów, no dia 16 de julho.
O motivo deste encargo foi a sua saúde precária, que piorou com o clima quente e úmido do Japão.
Finalmente no dia 08 de dezembro, a Ordem Franciscana Conventual consagrou-se a Maria Imaculada. O Capítulo Geral aprovou a proposta de Pe.Maximiliano e decretou a consagração, estabelecendo que fosse renovada em cada ano no dia da Imaculada Conceição.
Com o passar dos anos, a produção editorial de Niepokalanów cresceu de modo surpreendente, seja no número dos colaboradores, como no número de publicações:
1- “O Cavaleiro da Imaculada” (Rycerz Niepokalanej): mensal ilustrado. O primeiro número foi impresso em 5000 cópias em 1922, e em 1927 havia uma tiragem de cerca de 60000 cópias. Juntamente com 705000 cópias de edições ordinárias e 1 milhão de cópias de edições extraordinárias.
2- “O Cavaleirinho da Imaculada” (Rycerzyk Niepokalanej): criado em 1933, um mensal ilustrado para os jovens.
3- “O Informador da MI” (Informator Rycerstwa): criado em 1935, para os grupos marianos.
4- “O Pequeno Cavaleirinho da Imaculada” (Maly Rycerzyk Niepokalanej): criado em 1938, um mensal ilustrado para as crianças.
5- “O Pequeno Jornal” (Maly Dziennik), criado em 1935, um cotidiano católico de atualidade.
6- “Miles Immaculatae”, criado no 1938, um trimestral de propaganda em latim para os que estavam fora da Polônia.
7- “Boletim Missionário” (Biuletyn Misyjny Niepokalanowa Japonskiego), criado em 1939, mensal.
8- “O Eco de Niepokalanów” (Echo Niepokalanowa), um mensal de informações para os mesmos religiosos de Niepokalanów.
Para tal elenco precisa arrecadar muita renda, são folhetos, volumes educativos, pastorais e ascéticos.
Certo dia, um cônego polonês visitou Niepokalanów e perguntou ironicamente a Pe.Maximiliano: “Se agora vivesse, o que diria São Francisco vendo estas máquinas tão caras?”. Pe.Maximiliano responde-lhe com muita tranquilidade: “Arregaçaria as mangas de sua túnica, faria funcionar com toda velocidade as máquinas, trabalharia como trabalham estes bons irmãos de maneira moderna, para difundir a glória de Deus e da Imaculada!”.
Niepokalanów tornou-se objeto de oposição, boicote e ataque, porque haviam inimigos externos de diversos gêneros: maçons, anti-católicos e anti-clérigos.
A estes a agressividade se intensificou particularmente quando foi publicado o cotidiano “O Pequeno Jornal”. Havia conteúdo católico e o seu preço era extremamente baixo, por isso cresceu a ira dos adversários da época, e suscitou inveja aos diretores de outros cotidianos.
Pe.Maximiliano deduzia que um meio potente como a rádio, poderia ser usado para conduzir um maior número de almas a Maria, em vez de difundir o mal. No dia 8 de dezembro de 1938, Festa da Imaculada, os frades inauguram a estação de rádio SP 3RN (Estação Polonesa 3 Rádio Niepokalanów), dispondo somente de uma autorização oral do Governo. Frei Mansuetus Marczewski opera a estação de rádio de Niepokalanów.
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“Não esqueça o amor!” São Maximiliano
O bloco 14 era dividido em duas partes, térreo e superior, éramos em 400 prisioneiros. A situação higiênica é indescritível, um banheiro para 400 prisioneiros.
Padre Kolbe esteve no campo 77 dias, chegou dia 28 de maio 1941, era tranqüilo, um homem onde resplendia a bondade, um verdadeiro amigo. Aqueles que o conheciam sempre o ajudavam devido a sua fragilidade. Eu nunca me aproximava dele, ele sempre falava com os outros padres, a respeito da Imaculada e da Santíssima Trindade, somente os mais velhos o escutavam. A coisa mais interessante era perceber o quanto era bom.
- 29/07/1941, mais ou menos 13h00, momento pausa no trabalho e a sirene soou, deu medo, o som não era o mesmo, naquele dia entendíamos que era algo de ruim, e todos deveriam deixar o trabalho e ir para o pátio, é o momento do apelo, ou seja, o controle de prisioneiros de cada bloco. Alguns não suportavam o trabalho e morriam, mas vivo ou morto tinha que estar no momento do apelo, não podia faltar nenhum prisioneiro. Deus me permitiu estar em tantos apelos não sei como consegui. Naquele dia era apelo punitivo, somente para o nosso bloco, e nenhum outro bloco, podia nem mesmo ver pela janela se não também eram punidos.
Depoimento de Micherdzirski (Miguel) ex-prisioneiro número 1261, que esteve 04 anos no campo de concentração de Auschwitz. Foi transportado para o campo no dia 26/06/1940 com 19 anos. Deu seu testemunho no dia 08/01/2004, na Polônia em ocasião dos 110 anos do nascimento de São Maximiliano Kolbe.
- 30/07/1941 as 19h15, foi o momento que Padre Kolbe saiu da fila, do dia 29/07 ao 30/07 ficamos no pátio em pé sem comer, sem dormir, a noite era muito fria, e durante o dia muito calor. Os soldados colocavam a comida na nossa frente, e jogavam no chão, muitos não agüentavam, não tendo mais força e acabavam morrendo. Eu, Padre Kolbe e Francisco estávamos na mesma fila, na 5º ou 6° fila. Fritz andava entre as filas, e quando parava na frente de um prisioneiro significava que era seu fim, era condenado, quando Fritz se aproximou de mim, me sumiu a visão, tremia minhas pernas, meu único desejo era de viver, minha oração era “Deus não deixe ele tocar em mim”. Naquele momento não podíamos ter nenhum tipo de reação, não podia manifestar nem mesmo uma expressão, porque seria o suficiente para morrer. Quando tudo acabou foi um alivio, mas de repente se percebe que alguém sai do lugar, naquele momento o silêncio reinava, só se ouvia os passos daquele homem, Padre Kolbe. Ele calmamente se aproximou de Fritz e disse: “Quero morrer no lugar desse homem”. Em um lugar onde milhões morriam, morrer por um não significava nada.
Fritz perguntou: “Quem é o senhor?”.Calmamente Padre Kolbe responde: “Sou um Polaco sacerdote católico”. Sete milhões de prisioneiros passaram por lá, essa foi a primeira vez que Fritz chamava um prisioneiro de senhor, éramos sempre chamados de porcos, besta e outros nomes terríveis. Padre Kolbe disse simplesmente: “Porque ele tem mulher e filhos” ela salvava o valor do sacramento matrimonial e a paternidade.
O que mais impressionou, não foi o fato que ele morria por alguém, isso era normal em um lugar como aquele, mas naquele dia os Tedescos perderam a guerra, era inacreditável Fritz falar com um prisioneiro, e ter aceitado a troca, ele podia simplesmente atirar em Padre Kolbe e nos outros, ou então soltar os cachorros neles. No campo de concentração era inaceitável gesto de martírio, os Tedescos não admitiam, os prisioneiros só podiam morrer, por suas mãos. Padre kolbe morreu para salvar um único prisioneiro, mas naquele dia ele trouxe a Auchwitz a esperança e o amor.
Foram 386 horas de sofrimento, e de fome. A Imaculada fez com Padre Kolbe tudo aquilo que desejava, fez dele um grande dom. Humanamente era difícil entender aquele ato, aquele momento marcou a história de Auschwtiz, a história de cada prisioneiro, ele trouxe a cada um de nós a dignidade e a vontade de viver. "
"Padre Kolbe e os outros nove prisioneiros foram levados para o bloco 11, no Bunker da fome. Passaram-se duas semanas e os prisioneiros morriam um após o outro, mas no fim da terceira semana, ainda sobreviviam quatro, entre eles Padre Kolbe.
Para os carrascos, a morte deles estava sendo longa porque a cela (Bunker) era necessária para outras vítimas. Por isso, no dia 14 de agosto de 1941 às 12h50, da Vigília da Assunção de Maria Virgem ao céu, foi conduzido ao bunker, o carrasco Boch, um alemão, diretor da sala dos enfermos. Ele aplica no braço esquerdo de cada um, a injeção venenosa de ácido fênico. Padre Kolbe com a oração entre os lábios estende o braço ao carrasco.
Não podendo resistir aquilo que meus olhos viam, com o pretexto de ter que ir trabalhar, fui para fora. Quando os guardas e o carrasco deixaram o bunker, eu retornei: encontrei Padre Maximiliano Kolbe, sentado e apoiado no muro, com os olhos abertos e a cabeça inclinada: era a sua posição habitual. A sua face era radiante e serena.
Jesus disse: “tudo está cumprido”. Inclinando a cabeça, entrega o espírito. Talvez também Padre Kolbe tenha pronunciado essas palavras, antes de inclinar a cabeça e suspirar. No dia da Assunção da Virgem Maria ao céu, no dia 15 de agosto, o seu corpo foi queimado no forno crematório e suas cinzas foram jogadas ao vento. Em 28 de janeiro de 1942, o certificado de morte de Padre Kolbe foi levado pelo oficial central do campo de concentração ao convento de Niepokalanòw."